Emily assustou-se. Mal podia acreditar que segundos longe de sua vista e Anabelle já teria sofrido outro acidente.
– O que aconteceu Maryane? – gritou Emily furiosa.
– Eu não sei! Eu não sou a fada madrinha para ter certeza de tudo. – retorquiu, ofendida. – Ela começou a engasgar-se e caiu. Eu não tive tempo de fazer nada!
– Engasgar? – interferiu Ralph, preocupado. – Como engasgar?
– Engasgar, oras, ela começou a tossir e disse que tinha algo prendendo a garganta dela. Depois eu tentei ajuda-lá, mas ela engasgou e caiu. Eu estava muito preocupada para prestar atenção nos detalhes
Ralph, aparentemente inquieto, correu escadas acima, deixando Emily e Mary com perguntas e preocupações.
Parando na porta do quarto da pequena Michelle, Ralph depara-se com uma menina nada doce, nem agradável. Rosnava, contorsia-se, e maltratava-se como ninguém nunca jamais vira. Fazia cortes em si mesma, parecia fora do controle.
A garota, por fim, notara a presença do mais velho. O olhou com tal desprezo, que Ralph começou a sentir a raiva dela penetrando sobre seus sentimentos, tomando conta de todos eles.
Michelle então despertara os pensamentos de Ralph que, por alguns segundos, haviam sido tomados pela sua raiva. Pulou agressivamente para o menino, derrubando-o. Ralph pensara que seria muito fácil domar esta “fera”.
Estivera enganado. Com as forças que nenhuma garota de cinco anos poderia ter, a pequena garota tentava morde-lo com grande força.
Lá em baixo, Emily e Mary reparavam nas feridas que formavam-se nos braços, nas barrigas, e em tudo quanto é lugar sem razão alguma. Emily decidiu subir e ver o que estava acontecendo.
– Emily…tome cuidado, ok? – pediu Mary.
– Pode deixar…não deve ser nada demais.
Emily enganara-se. Quando terminou de subir as escadas, que pareciam ter gerado mais degraus, finalmente deparou-se com uma briga de um adolescente de dezessete anos e uma garotinha de cinco.
– Ralph! – reclamou a adolescente, chocada.
– Exempti! – gritou Ralph, e segundos depois Michelle havia voltado a sua aparência normal, e uma criatura parecida como um E.T gritava e pulava no quarto da criança, desesperada. A menina mais nova permanecia desacordada, e o E.T confuso e com falta de ar.
Michelle finalmente acordou, agora pálida e confusa. Desesperadamente, o E.T respirou profundamente.
– Emily…caso queira saber, esse é o…
– Hignoty, mais conhecido como E.T por possuir caracteristicas que descreveriam um E.T. Tem o poder de assumir um corpo humano, com a maldição de ficar preso à esse corpo para sempre. Enquanto o corpo permanecer vivo, o E.T permanence vivo, e se este corpo morrer, o E.T morre. É uma maldição, muito raro ver um Hignoty decidir ou concordar em assumir tal sacrifício. São muito faceis de serem derrotadas, porém se possuirem algum corpo humano em suas almas, matará também o tal corpo que ele possui. – terminou a garota, como se estivesse lendo em voz alta tudo que dizia.
– Tia Emily! – brandou Michelle, correndo para seus braços como se esperasse ser socorrida.
A adolescente educadamente abaixou-se e sorriu para a menina, tentando difícilmente esquecer o que acabara de notar: ela poderia morrer a qualquer segundo.
– Quero que tente esquecer tudo que aconteceu, está bem? – disse a garota, segurando-se e gastando todo seu “escudo
anti-lágrimas” – Mas também quero que fique esperta, e ande sempre com algum mais velho que você conheça!
– Está bem. Mas por que tenho tantos cortes e meu corpo dói tanto?
– Em pouco tempo você nem vai mais senti-lás, está bem? Vem, eu vou dar um jeito nesses machucados.
Emily levou Michelle até o banheiro, enquanto Ralph decidia o que fazer com o E.T
– Buxum Speculum – pronunciou o menino, segundos depois vendo um quadrado enorme de vidro formar-se ao lado do E.T. Antes que a criatura pudesse fazer algo, ele pronunciara por fim “Tenerent”, prendendo-o nessa caixa.
O E.T por fim acreditava que poderia quebrar o vidro, mesmo estando preso a ele. Esperneava-se, empurrava a si mesmo de um lado para outro, até finalmente exaustar-se de tanto se bater.
– Você pode tentar o quanto quiser, só não vai conseguir sair daí. – Informou o bruxo pouco antes de descer as escadas.
Encontrara, por fim, Anabelle reclamando de dores, Mary individualmente arrogante, e gotas de sangue por volta de Ana.
– Ana…você está bem?
– Eu acho que sim…o que houve? – respondeu.
Antes que Ralph pudesse começar a falar, Emily desceu com Michelle, ambas com linhas curtas e finas de sangue e a pequena com curativos.
– Miche…– falou Ana com a voz fraca. Olhou de Emily a Ralph, procurando respostas. Parecia desapontada e preocupada.
– Nós não pudemos evitar isso…Ana. Quando descobrimos, ele já estava dentro dela e não tinha nada que pudessemos fazer.
– Se eu soubesse que tinha alguma coisa a ver com a Miche eu não teria descido, teria ido diretamente para o quarto dela. Desculpe, Ana.
– Desculpar pelo quê?
Emily respirou profundamente, e então disse:
– Vou levar a Miche para o parque.
Sem mais delongas, saiu com a pequena em seus braços, seguida por vários olhares estranhos.
Mary fez a típica cara de “que-menina-estranha” antes de subir, sem falar uma sequer palavra.
Finalmente, só restavam Ralph e Anabelle naquela casa. A garota lançou-o um olhar amedrontador, como se já esperasse a pedra que iria cair sob ela.
– Hignoty, mais conhecido como E.T, possui o poder de possuir o corpo de uma pessoa, e tudo que ele fazer afetará a pessoa da qual ele possuiu. Mas, ao mesmo tempo que ele penetra no corpo da pessoa, ele fica preso ao corpo da pessoa até que essa pessoa morra ou ele se mate. Estabele-se uma conexão entre os dois, então tudo que um fizer afetará o outro.
– Então, o Hignoty e conectou á minha irmã? – perguntou, sem entender.
– É, mas enquanto nós mantermos ele a salvo, sua irmã também se manterá.
Ralph parecia particurlamente surpreso, até agora Anabelle não gritou ou chorou. Desejou, por então, nunca ter pensado nisso.
– ELA VAI MORRER E A CULPA É TODA MINHA! – berrou Anabelle, desabando em lágrimas.
Fora um ato tão repentino que Ralph sentiu uma onda emocional derrubar Ana.
– Ela não vai morrer, Ana.
– Vai sim, ela…vai morrer. – disse entre engolidas secas – Eu preciso fazer alguma coisa…algum feitiço, qualquer coisa. Eu preciso reverter isso, preciso reverter…eu preciso…ajuda-la.
– Ana, nós vamos dar um jeito, você só precisa ao menos se acalmar. – tentou Ralph, quase tão desesperado quanto Ana.
Porém, a garota parecia não ter ouvido uma palavra sequer. Correu escada acima, seguida por Ralph – que se sentia um tanto ofendido pela amiga ter ignorado suas palavras.
– Ralph, o que era para estar nesse vidro? – perguntou a menina, olhando-o com tal preocupação que mal conseguia conter sua respiração brava e contínua. – E a Mary? Onde está a Mary? Mary!
O garoto não entendia nada. Em muito pouco tempo, Mary havia sumido sem um grito, o E.T havia se soltado da caixa de vidro, enfeitiçada para ser destruída apenas por fora. Teria Mary alguma coisa a ver com isso?
Anabelle correu para seu quarto. Ralph revistava o quarto da pequena, com a caixa de vidro quebrada na parte superior. Eram tantas perguntas naquele momento, mas ele só queria saber se Michelle estava bem.
Sacou o telefone e ligou para Emily.
Chamou, chamou, mas ninguém atendia. Foi como ligar para os bombeiros enquanto sua casa estivesse pegando fogo, mas eles estarem tomando uma xícara de chá.
– Ralph! – chamou Anabelle. Não demorou muito para ele ir ao quarto da mais velha.
Além da janela aberta, alguns objetos quebrados, enfeitiçados, e um quarto completamente desarrumado. Pareceu que houve uma briga ali, antes de alguém fugir.
Poucos segundos depois, o celular de Ralph tocou apenas uma vez. Era uma mensagem de Emily.
“Pouco tempo para explicar. Vocês precisam vir no parque, Michelle está em perigo, o E.T escapou. iguaheuibaeg”
Ralph não conseguira entender as ultimas letras, mas deduziu que alguém tomou seu celular, ou algo do tipo. Sem dar explicações para Ana, puxou-a para o parque mais próximo.
Estava vazio, e algumas pessoas corriam para longe dele. Aproximando-se mais, podia-se ver o E.T e Michelle, e logo depois duas adolescentes com receio de usar magia.
Anabelle, após se dar conta da situação, nada fez a não ser correr para perto dela. Ralph tentava impedi-la, tudo em vão.
– Seu imundo idiota! – gritou Anabelle, quando finalmente alcançou o quarteto. O E.T olhou com profundo desprezo, antes de notar que era a filha de charlotte que estava esperando.
– Belle! – gritou Ralph, mas antes que pudesse fazer alguma coisa, a própria Michelle lutava contra Belle.